(...) Correndo
deixou escapar seu lindo sapatinho de cristal...
Quando
terminei de ler, meus olhos lacrimejavam e minha mente voava sobre o reino
encantado do mundo de Cinderela. _Quem me dera um príncipe mover seus súditos a
me encontrarem. Mas meus sonhos foram interrompidos com um grito vindo dos
fundos, minha mãe me chama a ajuda-la com as tarefas de casa, _ sim eu meio que
era uma Cinderela da vida, ou gata borralheira, como preferirem. Terminamos de
lavar as roupas e logo o frio tomou conta de todo o meu corpo, corri para o
banho e descobrir que teria sido melhor ficar molhada, a água estava gelada e
arrepiou-me por inteira quando a joguei em mim.
Pouco antes
de pegar no sono deparei lembrando-me de Cinderela e pensando em como seria ser
resgatada como a Gata Borralheira, _Por que a vida real não é como um conto de
fadas? Porque os casamentos não têm uns felizes para sempre? Naquela noite
sonhei com o que posso aqui chamar de família e descobrir que o felizes para
sempre existe, em cada pai que trabalha incansavelmente para alimentar suas
crianças, em cada mãe que enfrenta jornada dupla (efeito colateral dos tempos
modernos) para dar mais conforto em casa e ajudar a pagar as contas, nos filhos
que se esforçam para passar nos testes da escola e assim aprendem a lidar com
os testes da vida. Ate porque, ninguém
disse que Cinderela e o príncipe encantado ( que cá para nos, é um cafajeste
que se casou com todas as princesas) ficaram em casa de pernas pro ar pro resto
da vida. O que acontece depois dos majestosos
casamentos dos contos de fadas é uma incógnita, mas o que acontece nos da vida
real são bem mais interessantes, duas vidas que se unem para formar uma apenas
e essa torna-se tão majestosa que se dar
por inteiro para formar uma outra (ou mais) e passa o resto dos dias a ensinar
essa pequena vida, chamada de filho, a importância da fusão entre duas vidas,
porquê, ao que me parece, uma vida que nasce, nasce incompleta, e só se torna
plena quando encontra a sua outra parte, conhecida por nós humanos, como marido
ou mulher.
Por: Angélica Oliveira